Conforme
minha mãe meu avô, já havia passado um tempo em Mossoró, a primeira vez que
eles vieram a Mossoró ele(meu avô), ainda era pequeno, seu Pedro e Dona Justina
vieram para o alto dos Macacos(Alto da Conceição),lá eles encontraram uns
parentes deles e ficaram algum tempo, Belém também era pequeno. A segunda vez
que eles vieram foi antes de minha mãe nascer, veio ele(meu avó) e minha avó.
Nesta época possivelmente meu avô estava trabalhando em uma oficina, pois como
já afirmei ele sabia fazer trabalho de mecânico.
Em
Mossoró viemos morar aqui na rua Felipe Camarão, que era a Rua dos Alpendres,
em uma casa alugada, quem pagou o aluguel foi padrinho João Manuel, que nesse
tempo não era meu Padrinho, mas já era delegado de Bairro. Tia Cecilia veio
para a casa que eles compraram, perto da nossa (a casa dela era onde hoje é a
Funerária Santana). Nossos vizinhos eram dona Severina e Sargento Zé Afonso,
(nos ajudou muito, bem como padrinho João Manuel e madrinha Regina).
Os
três primeiros mêses que residimos aqui, foi padrinho João Manuel e madrinha
Regina que pagaram nosso aluguel e nos
deram de comer. Seu Zé Afonso e dona
Severina nos ajudavam muito. Casa de seu Sátiro e dona Salvina, (Zezinha, a
filha deles, moça bonita), seu Sátiro vinha limpar a casa para noite de festa,
Zé Abrão mandava. O aluguel de nossa casa era muito caro, havia casas até dada
lá perto do aeroporto, mas ficava muito isolado para nós morarmos sozinhos.
Logo
cedo minha mãe começou a trabalhar, recebia da fabrica de fogos, pólvora para
fazer chumbinho, traque e outros fogos em casa, pois não podia sair para ir
trabalhar fora e deixar meu pai só. Era
advertida para tomar muito cuidada. Depois com ajuda de conhecidos recebia fios
da fabrica de rede para fazer varanda em casa, era advertida para não perder um
fio, pois tudo era pesado. Neste tempo eu fiz a minha crisma, Dona Nasinha veio
me buscar, pois a celebração do crisma foi na Igreja de Caraúbas. Minha
madrinha foi madrinha Cisinha.
Vovó
Cecília e Tia Toinha todo dia vinham nos ver. Elas me ajudaram quando fiquei
moça, pois não sabia de nada.
Outra
lembrança de um benfeitor da infância de minha mãe, que sempre ajudava ao meu
avô e minha mãe era Dom João Batista Porto Carreiro Costa. Alias, a nós e a muitas
crianças pobres.
Quando chegamos fui estudar no Moreira Dias.
Eu estudava com Geisa e Raimundinha de Brejeiro. Minha professora era Dona
Branca, mulher do sargento do
Campo. Sempre apareciam pessoas do
sertão para vir morar conosco. Paulinha e o marido, Raimunda, os filhos e o
marido. Minha mãe fala que ela e meu avô juntavam as moedas que recebíamos da ajuda do povo ou o
que ganhava com o trabalho dela , para
no fim do mês ter o dinheiro do aluguel.
Em
certa ocasião quando minha mãe adoeceu, dona Severina de seu Afonso, viu Dr
Vulpiano passar no carro rumo ao Aeroporto, ela esperou que ele voltasse e
pediu para o carro parar e que ele viesse examinar minha mãe, quando ele viu a
situação imediatamente examinou e disse que se tratava de um estrangulamento de
vesícula, passou uma medicação e autorizou para ir buscar na Farmacia, pois não
tínhamos dinheiro para comprar. Passou uma dieta,por muito tempo tomar só o
caldo do arroz e nada de feijão. Dona Severina tomou conta de minha mãe e ficou
boa. Mesmo sem acreditar em Deus, Dr
Vulpiano fez um ato de anjo divino.
Minha mãe sempre disse que Dr. Jerônimo
Dix-sept Rosado Rosado veio oferecer a para meu avô fazer a cirurgia da vista
para recupera-la, ele ofereceu a passagem dele e de um acompanhante, bem como a
hospedaria, meu avô e Chico (o pai de Jaime) foram para Fortaleza, mas era
tarde, o nervo ótico já estava perdido. Eles agradeceram muito. Minha mãe ficou
com vovó Cecília. Alguém veio avisar da
morte de Dix- sept Rosado ocorrida em 12 de julho de 1951.
Meu
pai adquiriu conhecimentos e no mercado
em determinados dias da semana ia com um conhecido nosso buscar pedaços
de carne que os marchantes davam a ele. A mãe de seu Djalma sempre dava roupas
a ele. No tempo em que vivi aqui com meu pai, veio morar conosco, meu primo
Manuel Viana, Raimunda Viana(irmã dele),o marido e os filhos, depois Paulinha e
o marido.(Paulinha também era irmã de Manuel Viana). ( Depois de muito tempo, na década de 80
possivelmente, Paulinha sempre que vinha aqui relatava estes fatos, na ultima
vez que ela veio aqui, era um retiro de carnaval, no intervalo do retiro ai na
igreja nós(eu, mãe, ela e outra legionária)
viemos para casa e ela veio conosco e disse, lembro-me como se fosse hoje:
“ é o último retiro que eu vou assistir,(
nós ate falamos para ela não dizer aquilo, mas ela continuou), eu sei porque
tudo o que tio Nonato me disse eu vi, ele medisse que eu ia morar em um lugar
de muita fartura e que eu via muita água, mas chorava dia e noite para vir
embora, eu vi deste jeito acontecer, e ele disse que eu não passaria destas
eras e sei que vai acontecer, ele nunca me falhou no que dizia”. Muitas moças
vinham para conversar com Manuel Viana e para papai ler a mão delas. Uma das
namoradas de Manuel Viana(papai disse que ela não ia casar com Manuel Viana).
Para Elite, irmã de Terezinha Silva ( da Igreja), ele disse que ela iria
trabalhar em um lugar onde todos faziam fila para falar com ela, muito depois
quando ela estava trabalhando na igreja e as pessoas a redor dela para fazer
uma matricula da primeira comunhão, ou a intenção de alguma missa, ela lembrou
do que ele havia falado, realmente as pessoas faziam fila para falar com ela.
Este episodio ela relatou inúmeras vezes que fomos visita-la, disso eu (Maria
Luzia)sou testemunha. Paulinha também relatou que ele dizia que ela iria morar
em um lugar cheio de fartura e com muita água, mas ela ia chorar noite e dia
para vir embora, assim aconteceu, ela foi morar perto de Natal, em uma Chácara
próximo em frente ao mar, tinha fartura
e via muita água mas ela chorava todo dia e se lembrava das palavras de (tio
Nonato) como ela chamava. Geisa também vinha saber algo, meu pai disse a ela
que ela iria casar cedo pois não iria esperar o tempo, mais tarde isso
aconteceu, a mãe dela vaio pedir a papai para ela ficar lá em casa pois eles
iriam arrumar o casamento dela, pois a mesma já havia se unido ao namorado e a
família estava muito desgostosa com ela, meu pai disse que nossa casa era pobre
e que ela não ia ter as coisas que ela tinha em casa mais se quisesse podia
vir, a mãe dela disse que a comida ela iria trazer. No que se refere ao meu futuro ele só disse
que no futuro todos iriam dizer que eu era rica, e muitos dizem, não sou pobre
como era, mas rica não sei.
Conforme
minha mãe, mesmo depois da morte da mãe dela, eles iam sempre que podiam no
sertão, ficavam na casa de tia Taninha de Zé Roberto, ela sempre muito ocupada
costurando ou rezando o oficio de Nossa Senhora. Eles iam também para casa de
Bibia e para casa de Mãe Baca (esta na Mariana).
Dona Chiquinha vinha cuidar de papai, ela era
a enfermeira de papai. Um dia ela trouxe doutor João Marcelino que disse a vovó
Cecilia que ela estava fazendo mais partos do que ele e ele ofereceu alguns
utensílios dele a ela, para auxiliar nos partos, ela agradeceu muito.
Nestes tempos sempre íamos no Sertão, para
casa de Bibia. Ia-mos também para casa de tia Taninha de tio Zé
Roberto, lá a casa era enorme, ela sempre costurando e rezando o oficio de
Nossa Senhora, Ela e tio Zé Roberto adoravam papai. Minha mãe com certa
melancolia a lembrança da saída deles (o povo de tio Zé Roberto ), para o
Centro Oeste, eles passaram aqui em Mossoró para se despedir de minha mãe e meu
avô.
Tia
Francisca Bandeira e Tio João Bandeira vieram morar em Mossoró em 1950. Minha
mãe diz que ela e meu avô foram visita-los. A casa deles era onde hoje é o
Supermercado Queiroz da Boa Vista. Era um terreno enorme. A casa só foi
destruída quando Tia Francisca morreu e os filhos dela venderam.
Quando
chegou o tempo que meu avõ adoeceu ele foi morar na casa da prima de minha mãe, Raimunda, em Caraúbas,
ele queria morrer lá. Quem encomendou o corpo foi padre Ismar Fernandes, era o ano de 1952, minha mãe
ficou só, sem casa e sem nada. O bondoso
Padrinho João Manuel, providenciou imediatamente para ela ficar sob a tutela da
Irmã Genoveva, no Hospital de Caridade.
Ainda
não existia a Igreja de São João. A minha mãe esteve presente na Pedra
fundamental da Igreja, não só ela, mas muitas jovens aqui da nossa rua. O primeiro
Padre foi Padre Luiz. Antes da inauguração da capela, passou muito tempo um
circo funcionando naquele lugar e quando não era dia de espetáculo, Zé Nunes,
em frente a pousada dele convidava algum cantador para vir fazer cantoria e o
povo comparecia muito,isso sempre que não tivesse espetáculo no circo de
Chicolo, que passou muito tempo ai. A Capela de São João foi construída
possivelmente em 1959,pois padre José do Vale chegou em 1966 e já fazia sete
anos que a Capela existia. “Pe José do Vale devia preparar a Capela de São João
Batista do Bairro Doze Anos de Mossoró, para se tornar paróquia. Foi nomeado
capelão, por Dom Gentil, em 1966, quando a igrejinha tinha apenas sete anos de
construída. Foram seus antecessores Cônego Luiz Soares de Lima, que também era
diretor do Colégio Diocesano, e Pe Edson Cabral...”(Costa,2004).
Em 1965, nasceu Dulce, mamãe fez o parto de
tia Dulcilda, quando ela foi se batizar mãe foi a madrinha dela. No ano
seguinte vovó Cecília faleceu.
Estes
acontecimentos foram muito depois de minha mãe foi morar no Hospital.
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