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quinta-feira, 24 de abril de 2014

CONHECIMENTO S A RESPEITO DE MEL DE ABELHAS

Muitos conhecimentos da vida do sertão e da natureza que meu avô sabia, ele ensinou a minha mãe. Ele ensinou e mostrou a vida das abelhas, o nome e seu habitat. Hoje ela comenta que: “Um exemplo a Tataira é preta e valente, fica em tronco oco de árvore geralmente seca de Aroeira, mel é desgostoso, grosso e branco. (Local Borracha)
A Boca de Limão- fica nas folhas da Oiticica, o mel é azedo, branco, fino e pouco apreciado. As abelhas são mansas e miudinhas.
O Sanharão, são abelhas pretas e valentes, fica no oco das árvores. O mel e grosso e tem sabor bom. A cor é cor de mel.
Canuto eram vermelhos, pequenos e não valentes. O mel é branco, fino e desgostoso. A colmeia era no lado externo das árvores, o tamanho da colmeia era de 15 cm, era de barro vermelho.
Curupira- era no oco das árvores, produzia muitos litros de mel. As abelhas eram vermelhas e valentes. O mel era desgostoso, amarelo claro e fino.
Jandaira - era no oco das árvores, produzia muitos litros de mel medicinal, gostoso, branco e fino. As abelhas eram pretas e valentes.
Moça branca – mel pregado nas árvores (carnaubeiras), mel pouco e sem gosto. (só aquela plastrada). As abelhas eram mansas e pequenas.
Enxu- a colmeia era a redor das arvores (como um cupinzeiro), era uma capa de mel, doce e bom (quase açucarado). Às vezes tinha três metros. As abelhas são valentes, pretas e gostam da flor de angico. (a maioria das capas são açucaradas).
Jati- mel medicional serve para dor de ouvido (meu avô colhia e levava para as mães para as crianças, ele nunca colhia todo para preservar para elas não se afugentarem). Era encontrado no oco das árvores, o gosto suave, bom e o mel fino e branco. As abelhas são mansas, pequenas e branquinhas.
Capucho – debaixo da terra(tem preferencia por formigueiros abandonados) as abelhas são valente, roçadeiras e pretas. O mel é feito debaixo do chão e alastra-se.(eram tidas como ante higiênicas e o povo tocava fogo)
Mosquitinho da praia – Pequenos e brancos(asas brancas) tinha preferência por folhas de oiticica, onde grudavam o mel.eram mansos,dava pouco mel que não prestava para nada.
Tubiba – abelhas pretas (pareciam uns besouros) e valentes. Mel escuro, quase preto e ruim. Feito no oco das arvores,  solto. Eram fabricados muito mel.
Uruçu – Mel doce.
Mandassaia – capas e mais capas ao redor das arvores (como se a árvore tivesse saia). (estava em extinção ). Muito difícil. Abelhas mansas, vermelhas,  faziam muita zoada e o mel era amarelo queimado com o gosto mais ou menos.  Estes eram os conhecimentos que meu avô passou para minha mãe, que ele adquiria observando as matas do sertão”.
 Ela afirma também que “Todo este acontecimento era na fazenda Aroeira, onde éramos moradores”.
Minha mãe diz que uma vez ela e minha avó foram  visitar uma senhora que tinha ganhado nenê, ela estava bastante doente, eu que a vi em um estado muito ruim, mesmo não entendendo o que se passava com ela, meu eu de enfermeira, que estava dentro de mim, queria fazer um chá de folha de laranjeira para vê-la melhor, eu não entendia porque as pessoas não conseguiam resolver o caso dela.
Ela recorda-se também que quando estava próximo a chuvas fortes, o Serrotinho estrondava que de longe se escutava e todo mundo sabia que ia ter chuva de vento, tais chuvas vinham com ventos tão fortes que derrubava algumas casas que fosse mais frágil. Neste momento as mulheres começavam os benditos e jogavam um copo de água ao vento isso abrandava o vento e começavam a cantar  “virgem do rosário abrandai o vento que ele vem tão brabo pela porta a dentro”. As encelências, os benditos e as novenas eram situações próprias do sertão. Ela sempre ajudava a tirar as novenas, de são José, do mês de maio, as de junho e outras tantas que houvesse, porque já sabia lê.
Meu avô conforme  afirma minha mãe  não se acostumou à vida de plantar, apesar de termos um roçado plantado em terras alheias e por conhecidos nosso, os pés e mãos de meu pai, lembro-me como se fosse hoje, parecia algodão. 
Certa vez em época de enchente, eles  víamos as mulheres com as crianças do outro lado do rio Umari, elas estavam sem leite para as crianças. Ela conta que” Meu pai resolveu levar o leite para o outro lado. Colocaram uma rudia na cabeça dele com o pote de leite e ele foi atravessando o rio, nadando a pé, o rio não era muito largo, porém era muito profundo, devido às chuvas o rio estava com uma correnteza muito forte. Foi difícil a travessia, os troncos de arvores derrubadas passavam por ele, que tentava se desviar dos mesmos, quando meu pai terminou a travessia estava bem longe. Muitas pessoas vieram receber o leite e ele, o mesmo estava bastante cansado. Enquanto ele estava nesta luta, eu e minha mãe ficamos na outra margem do rio rezando. Eu sentia orgulho e medo por aquela atitude de meu pai. Ao chegar lá, víamos a alegria das mulheres e nossa por tudo ter saído em paz. E claro que ele não voltou no mesmo dia esperou a mareta se acalmar e recuperar as forças e voltou”.
Entre os episódios que merecem ser mencionados está, a lembrança de Bibia (Maria Pereira) cuidando de uns homens conhecidos nosso que havia sofrido  uma facada no pescoço e no ventre. Em casa ela colocou o intestino do homem  no lugar, chamou mãe Joaninha para costurar, padrinho  Raimundo veio fazer uma oração para estancar o sangue, foi feito uns unguentos e depois de anos de cuidado o ferimento cicatrizou e todo voltou ao normal, este mesmo procedimento foi feito com o homem com o ferimento no pescoço, Eles ficaram deitado em folhas de bananeira para não se ferir, devido o longo tempo de tratamento. Cuidados, fé e perseverança, abaixo de Deus recuperaram a vida daqueles homens. Todos ajudaram trazendo cascas de arvores e remédios caseiros para ajuda-los a se recuperar.
Lembro-me que todo mundo falava de tio Nezinho que deixava, na segunda feira, mãe Joaninha, acorrentada, enquanto ele ia para feira do Gavião (atual Umarizal), mas na casa dela não faltava nada, ela nunca reclamou de tal situação, parecia uma santa, recordo-me que certa vez uma das funcionarias dela estava para ganhar criança e por conhecidência foi a uma segunda feira, arrumaram as coisas da parturiente ali perto dela na sala e ela fez o parto, pois era parteira, quando ele chegou ela comunicou que a mãe e a criança estavam na cama dela, mas ele ao contrario do que se pensou nada reclamou.  A única mulher que ela não conseguiu atender a tempo foi à filha dela, quando vieram avisar, que ela ia saindo para fazer o parto, ela disse, ”já não precisa mais, pois ela sentiu que ela já estava morta” e assim foi.

No dia da morte dele, ele saiu para caçar e sentiu-se mal e morreu. O lugar onde ele morreu dava para avistar lá de casa.   

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