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quinta-feira, 24 de abril de 2014

VÁRZEA OU MARIANA

Comentário de minha mãe: “Um povo trabalhador vivia praticamente do plantio e corte de palha. Foi na Mariana que aprendi a bater e trançar palha para fazer ticum, bolsas, chapéu... Lá moramos na casa de Tio Nestor, uma casa a poucos metros da Lagoa da Porta, onde ancoravam as canoas. A        noite pescávamos, quase sempre piranha. A carne era muito ruim”.
 Ela comenta ainda o seguinte: “Aconteceram muitos fatos importantes que tenho bem guardado em minha memoria. Em tempos de inverno a Lagoa da Mariana é um prodígio para todos os habitantes, suas aguas abundantes abaixo de Deus traz fartura para todas as terras mais baixas próximas a lagoa é inundada o seu limo, beneficia o plantio de vazantes. Em certo dia, lembro-me que eu e Dada saímos para ir comprar açúcar do outro lado da lagoa, saímos de canoa, quando chegou a certa distancia uma estaca de uma cerca encoberta pela água penetrou na canoa e perfurou-a, apesar de tirarmos a água com o coité, não adiantou, ficamos bastante aflitas e começamos a gritar, colocamos um pano vermelho um sinal de alerta, um homem conhecido nosso (seu Mandú )viram e vieram nos ajudar, terminou tudo em paz”.
“Por este tempo fiz minha primeira comunhão na Capela da Ursulina(Capela de Nossa Senhora da Conceição), em 6 de Novembro de 1941”.
Em outro momento, minha mãe disse que ela  e Dada foram atravessar a lagoa, em tempo de seca, atravessamos a pé, ao retornamos começou a escurecer e o dia se tornou em noite, era o eclipse, mas como elas  não sabíamos, ficaram muito aflitas.  Nisso os  familiares das mesmas vieram ao  encontro delas. Seu Pedro Câmara  comunicou a eles que se tratava de um eclipse total solar, mais especificamente um transito de mercúrio no disco do sol. Seu Pedro  mostrou a minha mãe  a revista “O Cruzeiro”, que trazia esta noticia, ele muitas vezes emprestou  esta revista a minha mãe para ela lê,  pois ele via que mãe tinha interesse pela leitura e recomendava cuidado no manuseio da revista. Esta revista noticiava os rumos da guerra. Minha mãe se orgulhava em dizer que já sabia  lê e  ficava bastante atenta para sabe quando ia terminar este tormento. Ela fala que: “ As consequências para nós deste desastroso episodio era a angustia de saber das inúmeras mortes é claro, mas a falta de alguns itens, como o querosene, que deixou de ser fornecido, para vermos nossas casas iluminadas fazíamos vela de cera de carnaúba, e no terreiro uma fogueira. A guerra e a seca só não nos afligiam de modo desastroso, pois ainda restava um pouco de água na lagoa e pássaros, que chamávamos arapapá, vinham para próximo à lagoa, os mesmos serviam de alimento para muita gente, eu os via como as cordonizes bíblicas”. Minha mãe fala que: “Muitas meninas do meu tempo quase não percebiam estes acontecimentos, mas eu como sempre quis saber das coisa necessárias ficava ouvindo atenta a conversa do povo que tinha conhecimento para aprender”.
 Escuto a muito tempo minha mãe comentar o seguinte: “Recordo-me também dos homens fazendo cacimba com 14 degraus em espiral, para encontrar água potável muito boa. Depois de pronta uma mulher ficava lá embaixo enchendo as vasilhas para o povo que esperava a água lá em cima”.
 Ela comenta ainda que: “Mesmo com a seca não faltava arroz, já que o povo aproveitava a terra ainda molhada e o pouco de água da lagoa para o plantio do arroz. Acompanhava a seca do rio, transplantando o arroz para mais próximo da água e assim aguentavam até a colheita. Era muito trabalho mais, isso não era problema para aquele povo trabalhador. Eles sabiam que se fizessem regos para a água correr, esta poderia perde-se e  muito do pouco de água que ainda restava”.
 Minha mãe diz que: “Nesta comunidade moramos na casa de Tio Nestor e na casa de Candido de Braz. Ai recomecei a estudar pois dona  Cisinha, abriu uma escola na casa dela. Minha professora era Francisca Diassis Câmara (Cisinha)”

Outra afirmação de minha mãe é que “A última brincadeira que me lembro, antes de sair para Borracha, foi o casamento de minha boneca com o boneco de Dada. O padre que celebrou o casamento foi o boneco de Macrina, padre Ranilson.

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