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quinta-feira, 24 de abril de 2014

CONVIVÊNCIA COM A MÃE

Minha mãe fala que viveu pouco tempo com a mãe dela, mas o bastante para conhecê-la e ama-la. Segundo minha mãe, minha avó era uma mulher clara, cabelos longos e lisos, um pouco vaidosa, bonita apesar de não ser magra e que não media forças para o trabalho. Uma excelente costureira costurava uniformes de casamento. Criada por  madrinha Paula, esposa de João Viana (tio de minha mãe),  que não admitia que filha dela estudasse( madrinha Paula era assim, mas tinha um poder de oração enorme tanto que todas as pessoas que perdesse um animal e não conseguisse encontrar vinha ate ela e onde ela conseguisse ver o animal podia ir que estava lá, vivo, morto ou roubado), mas mesmo assim minha avó não obedeceu e aprendeu a ler. Minha mãe relata que quando ela era pequenina a mãe dela (dona Francisca Viana) mostrava a cartilha feita à mão com a letra do  ilustríssimos mestre Quinho (Francisco Quinho de Melo), cuja caligrafia era impecável, minha mãe comenta que as palavras em letras roxas eram em ordem alfabética, albor, brinde, culto, dragão, elmo...  Eram palavras dissílabas. ”Eu sempre fui muito curiosa e cuidadosa para adquirir conhecimentos bons” eu aprendi a soletrar minhas primeiras palavras com a ajuda de minha mãe através desta cartilha.
 Ela lembra que em certa ocasião estava brincando no quintal, quando viu um pintinho querendo nascer, como demorava em quebrar o ovo tentou ajuda-lo, danificou a perninha dela e ficou sendo chamada de chosinha pela perninha que mancava”. Entendeu que tudo tem seu tempo. Assim ela fala: “Recordo-me quando ainda morávamos na Aroeira fizemos um barreiro próximo a casa (era costume fazer um barreiro para aproveitar a água para aguar o terreiro), ouvindo os sons dos sapos resolveu observar como eles nasciam, trouxe espuma do sapo para casa, mas minha mãe quando descobriu ,mandou-me devolve-los dizendo que a casa iria ficar cheia de sapos”.
 Ela contou-me ainda o seguinte “Neste tempo minha mãe me dava à cartilha dela para aprender a ler nós morávamos na fazenda Aroeira. Lembro-me que a cartilha era costurada e por intermédio de minha mãe que aprendi as primeiras noções de escrita (com letra de mão). Quando padrinho Raimundo casou, dona Rufina Eliza de Oliveira (a esposa dele) passou a ser a  primeira professora de minha mãe, conforme ela mesma comenta, maravilhosa mestra, tinha muito gosto de lecionar, primeiramente ela ensinava na nossa casa, pois quando eles casaram vieram morar lá em casa, ela sempre estava atenta a novas metodologias para ensinar na hora que deveria ser o recreio, como a maioria de nós não tínhamos recursos, ela ficava brincando e nos ensinando a dançar, era como se fosse um exercício  físico e muitas vezes uma dinâmica para a aula ficar mais atrativa, mas ela também usava a palmatoria se precisasse. Os alunos dela eram: eu, os dois filhos dela (Evangelista e Francisca), Joanita, Estelita e seu nane. Seu Raimundo da Aroeira trouxe 6 cartas de ABC, Landelino Rocha. Ele explicou que era a nova Nomenclatura, a Escola era “Escola particular de Instrução da Fazenda Aroeira”. Mais tarde eles se mudaram lá para Propriedade de João Boagua no Salgadinho, lá dona Rufina 
 Ensinava em uma latada na casa dela, muitas crianças vinham para ela ensinar, ela que também era muito pobre, buscava papel de embrulho, nas bodegas ou com pessoas que doasse juntamente com padrinho Raimundo eles cortavam o papel em forma de caderno, costuravam e traçavam para distribuir com as crianças que não tinham condições de comprar caderno, conseguia também o lápis grafite com a recomendação de poupa-lo para dar por muito tempo. “A precariedade era enorme, mas não maior que o amor à instrução das pessoas que apareciam para aprender a ler, os filhos de seu João Boagua, ele pagava”. 
 Minha mãe comenta ainda que com a mudança de Padrinho Raimundo para o Salgadinho, (lugar onde o chão era tão branco que não era possível sair um horário de sol quente, pois o reflexo do sol no chão encandeava a visão). Ficou estudando com dona Mimosa  mulher de  Seu Hermano Mota, na Cacimba do Meio, muito longe, mãe diz que  a mãe dela ia com ela e que  só estudou um mês, pois  pois a mãe  dela se atrasava nos afazeres,  esperando ela.  Depois ela foi estudar com Raimunda Neves Bandeira (Dica Bandeira) (filha de Tia Francisca Bandeira) ela , seu Nani e Joanita, a escola funcionava na casa de tio João Bandeira. “Escola Particular do Sítio Borracha” Eles  atravessamos o rio a pé enxuto para estudar lá. Quando chegou  lá na Escola , ela  já sabia ler e ia para lousa. Havia crianças e adultos estudando.
Outra lembrança é que havia um rebanho de gado próximo de casa  onde eles moravam e que  um dia um bezerro morreu e o rebanho se pôs a chorar, ela ficou muito angustiada e perguntou a  mãe  dela o que era, ela me explicou que o gado é o único animal que sabe quando está próximo da morte e que quando um deles morre eles choram, eu fui lá olhar e realmente corria dos olhos deles grossas lagrimas e ouvia-se um grande alarido.
 

Certo dia meu meu avô foi buscar uma jandaira. Ela comenta  que (foi com ele que eu fiquei conhecendo diversos tipos de abelhas e seus habitat), ela foi  com ele, enquanto ele terminava de arrumar as coisas para irem para casa, ela comeu o samburá e bebeu água, ficou sonolenta, o pai dela  teve que me carrega-la para casa, ele  havia dito que se comesse o saburá não bebesse água, pois ficaria sonolenta, mas é impossível comer saburá sem beber água. (SABURÁ CAIXINHA ONDE FICA O MEL)

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